Os juros altos não levaram o brasileiro a adiar a compra da casa própria, mas a readequar o tamanho do sonho, mostra a pesquisa realizada pelo DataZAP – fonte de inteligência imobiliária do Grupo OLX -, com usuários dos portais ZAP e Viva Real. Afinal, para a grande maioria das pessoas ouvidas pelo levantamento (70%), o cenário econômico influência a aquisição do imóvel. A maior parcela desse grupo, 45%, é formada por compradores de primeira viagem. Um terço desses entrevistados contaram ter passado a procurar unidades mais baratas. Outros 16% relatam que mudaram a região de busca, enquanto 11% passaram a avaliar a compra de um imóvel menor do que era inicialmente desejado.
Marcos Leite, diretor de Receita do Grupo OLX, explica que o desempenho do mercado de trabalho tem ajudado a contrabalançar os impactos do aumento da Selic, que está em seu maior patamar em 19 anos. O crescimento da ocupação e da renda real, diz Leite, facilita o acesso ao crédito e ajuda a manter a inadimplência sob controle, apesar dos juros altos. Além disso, ressalta, os programas governamentais mantêm taxas de financiamento descoladas da Selic.
– O segmento de imóveis econômicos está bem ancorado no Minha Casa, Minha Vida e em programas de habitação de interesse social de governos estaduais. O Minha Casa, Minha Vida usa recursos do FGTS garantidos em lei e oferece taxas de financiamento controladas, conforme a faixa do programa. O segmento mais afetado pela conjuntura atual, de maior custo de crédito e menos recursos da poupança, é o de médio e alto padrão, mais dependente de financiamento tradicional para adquirir imóveis – diz o executivo.
Entre os entrevistados, 54% consideram usar o programa Minha Casa, Minha Vida para aquisição de um imóvel. A pesquisa indica ainda que, para 47% das pessoas ouvidas, o financiamento imobiliário é o caminho para a compra da casa própria. A maioria, 62%, está em busca de unidades classificadas como econômicas.
O perfil dos 30% de privilegiados, para as quais a economia não influência a aquisição do imóvel, é formado majoritariamente por pessoas acima de 60 anos. Nesse grupo, 40% não trabalham mais, 75% já compraram um imóvel anterior e 67% planejam pagamento à vista. O alvo de 61% desses compradores são imóveis de padrão médio-alto.
– O mercado de imóveis de luxo segue aquecido. Isso porque o comprador desse segmento não depende de crédito e costuma buscar diversificar seus investimentos, olhando para o mercado imobiliário como uma opção segura. Além disso, sua renda se mantém forte em um cenário econômico positivo, com PIB crescendo acima de 2% e desemprego abaixo de 7%. Contudo, a Selic maior pode reduzir a procura por imóveis de luxo como investimento, já que outros ativos financeiros ficam mais atrativos – pondera Leite, da OLX.
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