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Fundos Imobiliários sobem 11% no semestre puxados pelos juros altos

Especialista do setor imobiliário e CEO do CIMI360, Heitor Kuser, explica como a Selic direciona capital para FIIs e afasta investimentos diretos no setor

03/07/2025 às 06h30
Por: Redação
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Heitor Kuser
Heitor Kuser

O mercado de Fundos Imobiliários (FIIs) encerrou o primeiro semestre de 2025 com desempenho bastante positivo. O índice IFIX, principal termômetro do setor, acumulou alta de aproximadamente 11% no período, refletindo um ambiente macroeconômico mais estável do que o observado no final de 2024. Esse resultado sinaliza não apenas uma recuperação dos preços, mas também uma maior confiança dos investidores no segmento, que vinha pressionado por incertezas econômicas e juros elevados.

Entre os destaques do semestre estão fundos que apresentaram valorizações expressivas, como BLMG11, HCTR11 e SARE11, com altas superiores a 30% no período. Parte desse movimento foi impulsionada por correções de fortes descontos sobre o valor patrimonial, além de operações estratégicas, como propostas de aquisição e reorganizações de portfólio que ajudaram a destravar valor. Apesar disso, especialistas apontam que cada caso tem suas especificidades e que o mercado segue atento à liquidez e aos fundamentos dos ativos.

Para Heitor Kuser, especialista em mercado imobiliário e CEO do CIMI360, esse comportamento é um reflexo direto do atual patamar da taxa básica de juros. “É natural, quando aumentam os juros, que o capital migre da produção, ou seja, do investimento direto em imóveis, para fundos de investimento que garantem uma rentabilidade, nesse caso alta, em detrimento de baixo risco”, avalia. Segundo ele, o investidor prefere FIIs justamente porque oferecem retornos previsíveis e menos exposição ao risco de execução.

O especialista acrescenta que esse fluxo está intimamente ligado ao custo do dinheiro. “Se nós tivéssemos uma Selic a 2%, certamente os fundos dariam uma arrefecida, porque o dinheiro migraria para a produção: iriam construir imóveis, investir diretamente em incorporadoras ou na compra de ativos imobiliários. Então esse movimento é diretamente proporcional à taxa de juros. Se ela sobe, o mercado corre para o mercado financeiro; se ela baixa, o mercado corre para a produção ou para a compra de imóveis para geração de renda”, explica.

Embora o cenário atual seja mais favorável para os FIIs, analistas seguem recomendando cautela. Projeções de bancos e consultorias indicam que a Selic pode permanecer elevada por mais tempo, o que mantém a concorrência da renda fixa e limita o potencial de valorização do mercado imobiliário direto. Ainda assim, muitos fundos seguem negociados abaixo do custo de reposição e entregam yields reais interessantes, reforçando o papel dos FIIs como alternativa sólida de diversificação e proteção patrimonial.

 

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