O IPCA, que mede a inflação no país, desacelerou em maio. Na avaliação de Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a notícia foi positiva, demonstrando alguma melhora na sua composição e dinâmica. No entanto, itens mais sensíveis à demanda seguem com inflação “bastante pressionada”. A expectativa agora, após a divulgação do índice, é de qual será a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana em torno da Selic, a taxa básica de juros da economia.
“Neste quadro, a grande expectativa fica em torno de qual será a decisão do Copom na semana que vem, pois há argumentos tanto a favor de uma alta dos juros, devido, por exemplo, à inflação de serviços ainda elevada e à atividade resiliente, quanto, posição a que me filio, para a manutenção da Selic, dados os sinais de alguma inflexão do processo inflacionário, ainda que na margem”, diz o presidente da entidade.
A alta de 0,26% mostrou uma desaceleração, já que em abril o avanço foi de 0,42%. No entanto, em relação aos impactos do IPCA de maio diretamente na Selic, Sidney aponta que incertezas e sinais mistos “merecem especial atenção do Comitê de Política Monetária, o Copom.
Na prática, quando há uma alta dos preços, o instrumento usado pelo Banco Central para conter esse avanço é justamente a Selic para encarecer o crédito às pessoas e empresas e, dessa forma, conter o consumo e frear a inflação.
A próxima reunião do Copom acontecerá nos dias 17 e 18 de junho e decidirá se a Selic se manterá no patamar atual, de 14,75% ao ano, ou se ficará mais alta.
“Aparentemente, penso, a inflação em 12 meses pode ter atingido o pico, refletindo a apreciação mais recente do câmbio, queda dos preços das commodities no mercado internacional, fruto da guerra comercial, e melhora mais perceptível das condições de oferta dos alimentos”, diz Sidney.
Como exemplo, o presidente da Febraban explica que algumas métricas qualitativas desaceleraram no acumulado em 12 meses, como a média dos cinco núcleos acompanhados de perto pelo BC (de 5,26% para 5,17%) e a inflação de bens industriais (de 4,09% para 3,82%). Por outro lado, a inflação dos serviços subjacentes, que ficou estável em 6,75%, ainda se encontra num patamar “muito incômodo e bem distante da meta”.
Em maio, ressalta Sidney, o principal vetor de alta da inflação de maio foi a energia elétrica (+3,62%), com acionamento da bandeira amarela em razão da piora das condições hídricas, sendo que, em junho, como agravante, haverá o acionamento da bandeira vermelha.
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