Em 2025, 93% dos brasileiros sonham em deixar para trás os carnês de aluguel e conquistar a casa própria, segundo levantamento do Instituto Datafolha. Desses, 24% planejam realizar a compra ainda este ano, recorrendo a alternativas como financiamento bancário tradicional, consórcios imobiliários e parcerias com construtoras.
Apesar do setor imobiliário ter atingido um recorde de R$ 312 bilhões em crédito em 2024, segundo a ABECIP, a classe média ficou à margem dessa expansão. Enquanto o mercado voltado para os segmentos de luxo e baixa renda se beneficiava de diferentes incentivos — o primeiro pela alta demanda e o segundo por incentivos fiscais —, a alta da Selic (14,25%) elevou os juros de financiamento, tornando a aquisição da casa própria mais dificultosa para a classe média.
Para se ter uma noção da abrangência desse segmento, cerca de 66% dos brasileiros consideram pertencer à classe média, conforme último levantamento da Quaest. Em paralelo a este fenômeno, o aluguel também deixou de ser uma opção viável. O crescimento médio de 12% na cobrança dos aluguéis de fevereiro de 2024 em diante, conforme o Índice FipeZap, teria afastado a categoria dos carnês.
De acordo com o diretor da A&F Pop Imobiliária, Anderson Ferreira, o aumento no preço dos imóveis é impulsionado pela alta nos custos da construção civil e pela maior disputa por terrenos, afetando diretamente o bolso dos compradores. Além disso, a elevação das taxas de juros teria inviabilizado os populares financiamentos, visto que muitos que antes conseguiam aprovar o crédito, agora não passam pela análise. Os que conseguem avançar na contratação, entretanto, recuaram diante do alto valor das parcelas.
Já o aluguel, segundo o especialista, pode parecer a única e acessível solução no começo, mas a longo prazo é uma armadilha. “A única vantagem é a menor entrada e a exigência reduzida de comprovação de renda, o que facilita para quem está na informalidade, mas, no fim, o inquilino nunca cria patrimônio. O dinheiro pago no aluguel não retorna, e ainda existe a constante instabilidade — aumento do valor, risco de despejo. A classe média brasileira se viu sem saída, como o filho do meio que ninguém dá atenção", explica.
Em resposta a esse cenário, o Governo Federal decidiu ampliar as faixas de renda do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), de R$ 8 mil para R$ 12 mil. Essa expansão visa restabelecer o acesso à casa própria para a classe média, que se viu excluída das opções viáveis de financiamentos e consórcios tradicionais. Anderson Ferreira, diretor da A&F Pop Imobiliária, destaca que essa mudança é crucial para restabelecer o equilíbrio no mercado e possibilitar que mais famílias realizem o sonho da casa própria.
“Com a alta da SELIC nos últimos meses, os bancos privados aumentaram as taxas de financiamento habitacional, ultrapassando os 14% ao ano. Isso fez com que as incorporadoras passassem a lançar menos imóveis voltados para a classe média, já que a demanda era baixa. E o mercado só entendeu agora, com a ampliação das faixas de renda do Programa Minha Casa, Minha Vida, que esse público (classe média) é enorme e carente de soluções. Faltou produto, políticas públicas, faltou incentivo para esse perfil durante anos. E enquanto isso, essa galera ficou presa no aluguel, esperando um milagre ou se virando com imóveis fora da cidade”, explica o diretor.
Em 2024, as vendas imobiliárias para a classe média caíram drasticamente, enquanto outros segmentos do mercado registraram crescimento. A categoria teria ficado "no limbo", sem opções acessíveis, enquanto incorporadoras nacionais trabalhavam freneticamente em faixas de renda mais baixa. Isso levou os consumidores médios a repensar suas escolhas de moradia, avaliando com mais cautela custos, prazos e a viabilidade das decisões. Entre alugar ou comprar, a incerteza econômica e os juros elevados exigiram um planejamento ainda mais cuidadoso sobre onde e como morar, transformando a busca pelo lar em um verdadeiro exercício de equilíbrio financeiro e adaptação às condições do mercado.
Frente ao mercado imobiliário, Anderson observa que a recente redução das taxas de juros especiais do programa habitacional MCMV tem sido fator positivo. “Com a taxa agora muito mais acessível, a partir de 10% ao ano, se comparado aos bancos privados, o financiamento pelo Minha Casa, Minha Vida torna-se mais barato, com planos de pagamento mais acessíveis e exigindo um valor de entrada menor. Isso amplia a capacidade de financiamento das famílias e reduz as parcelas, facilitando a aquisição do imóvel”, aponta.
O especialista explica que ainda é possível para o brasileiro realizar o sonho da casa própria. “O sistema faz com que muitos acreditem que é preciso estar 100% pronto — com alta renda, score perfeito e dinheiro guardado. O que falta, na verdade, é informação e direcionamento. Com a orientação certa, é possível organizar a vida financeira e aproveitar programas como o Minha Casa Minha Vida para concretizar o sonho do primeiro imóvel. Na A&F POP, explicamos isso todos os dias. A chave não está apenas no imóvel, mas na mudança de vida que ele representa", conclui.
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