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Crédito reduzirá nos bancos e migrará para o mercado de capitais, aponta gestora

“Os maiores bancos devem limitar o crédito. A tendência é que elas recorram cada vez mais ao mercado de capitais, através dos FIDCs, que devem se tornar o principal canal de financiamento.”

10/03/2025 às 06h00
Por: Redação
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Crédito reduzirá nos bancos e migrará para o mercado de capitais, aponta gestora

        Pressionado pela alta do dólar e do preço dos alimentos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevará a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,25% ao ano. Se confirmada a expectativa do mercado, a Selic subirá 1 ponto percentual, atingindo 14,25% ao ano, segundo o Boletim Focus. Essa será a 5° alta consecutiva da taxa, impulsionada pelo agravamento das incertezas externas e os impactos do pacote fiscal do governo.

        Para João Peixoto Neto, sócio-fundador da Ouro Preto Investimentos,que  realiza cerca de 150 milhões de operações de crédito diariamente, um novo aumento dos juros pode levar a um cenário de crise para muitas empresas. “Com o aumento da taxa de juros, certamente as recuperações judiciais, que já bateram recorde, irão disparar ainda mais, e teremos um número maior de falências. Isso impacta diretamente os bancos e fundos de investimento, pois faz parte da gestão de crédito. Com uma Selic alta, é possível suportar uma inadimplência maior. Na verdade, o lucro dos bancos até aumentará. Mas, para as empresas, essa situação é trágica", avalia.

         Peixoto Neto destaca que, apesar da aparente resiliência da economia, impulsionada pelo consumo do setor público, a realidade do mercado privado é diferente. "A inflação está corroendo o poder de compra da população, tornando as pessoas mais pobres. Além disso, o aumento da concorrência com produtos chineses e a alta da carga tributária criam um ambiente desafiador para o varejo. O resultado desse cenário será um crescimento expressivo da inadimplência e do número de recuperações judiciais", afirma.

          Diante desse cenário de maior risco, os bancos devem restringir ainda mais a concessão de crédito. "Os maiores bancos devem limitar o crédito, dificultando ainda mais o acesso das empresas aos canais tradicionais. A tendência é que elas recorram cada vez mais ao mercado de capitais, por meio de fundos de crédito privado, como os FIDCs, que devem se tornar o principal canal de crédito, em todos os segmentos, dentro de poucos anos", explica Peixoto Neto.

          Apesar dessa possível alternativa, ele alerta para as consequências da alta dos juros: "de qualquer forma, o aumento da inadimplência será ruim para as empresas e para o mercado como um todo. Uma Selic elevada prejudica o crédito, encarece os financiamentos e compromete o crescimento econômico", conclui.

 

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