O programa Minha Casa, Minha Vida tem aberto portas para os mais jovens adquirirem a casa própria. Praticamente metade das contratações (51%) entre 2021 e 2024 foi feita por pessoas entre 18 e 30 anos, segundo dados da Caixa e do Ministério das Cidades. Quem está ingressando no mercado de trabalho consegue ter a renda aprovada pelas regras do programa — e, somado a isso, há uma tendência entre as novas gerações de buscar estabilidade financeira e fazer planejamento a longo prazo.
Rodrigo Roiseman, diretor da Kadima Construções, diz que a empresa observou um aumento no percentual de clientes entre 20 e 35 anos que buscam imóveis na planta pelo MCMV. Segundo ele, no Tall, que a construtora lançou recentemente em Nova Iguaçu, cerca de 45% dos compradores são jovens dessa faixa etária, que, no entanto, têm dificuldade para pagar o valor da entrada.
— Os jovens têm se enquadrado cada vez mais nos parâmetros necessários para aprovação do financiamento pelo programa, mas, em geral, não têm dinheiro para dar o sinal. Por isso, dividimos o valor em parcelas de R$ 1 mil e arcamos com o custo da documentação, incluindo ITBI e registro em cartório — informa Roiseman.
A predominância de compradores com idades entre 20 e 35 anos também foi motivo para a empresa oferecer outro benefício: entregar os apartamentos do Tall com acabamento completo, o que possibilita que eles ocupem o imóvel assim que recebem as chaves, sem necessidade de gastar com obras adicionais.
Os jovens foram maioria entre os clientes de empreendimentos lançados pela MRV no ano passado. Leonardo Tocci, diretor Comercial e de Crédito da construtora, diz que a aprovação de crédito é mais fácil entre consumidores mais jovens, que, em geral, não têm a renda comprometida com financiamento de carro e empréstimos bancários.
— Os jovens entre 18 e 30 anos representaram quase 57% dos compradores de imóveis da MRV pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Atribuímos o aumento do interesse deles em investir em imóveis à busca por segurança e independência financeira. Além disso, os subsídios do programa federal, aliados às condições facilitadas de pagamento oferecidas pela MRV, tornam o acesso à casa própria mais viável para essa faixa etária — comenta Tocci.
No Central Park, em Duque de Caxias, a maior parte dos moradores e de pessoas interessadas em comprar uma unidade é formada por casais de 30 a 35 anos em busca do primeiro imóvel, afirma Vitor Sales, supervisor de Vendas da Riviera Construções.
— Eles desejam independência sem ter que pagar aluguel. Comprar o primeiro imóvel é uma grande realização na vida de qualquer pessoa. As facilidades do Minha Casa, Minha Vida, além dos descontos e das condições que oferecemos, como entrada parcelada em até cem vezes, ajudam muito na aquisição da casa própria.
Mas o perfil de muitos desses compradores representa uma dificuldade extra: cerca de 50% deles são autônomos, o que é um desafio maior para a aprovação do crédito imobiliário. A empresa tem pensado em formas para ajudá-los e presta todo tipo de orientação durante a jornada de compra deles.
Os jovens de até 30 anos têm liderado a corrida pela aquisição do primeiro imó- vel também nos empreendimentos da Cury. Segundo Adriano Affonso, gerente geral Comercial da construtora, além de estar entrando no mercado de trabalho, eles estão liderando uma transformação.
— Os empreendimentos atuais vão ao encontro dos desejos deles por localização estratégica e soluções práticas que tornem o dia a dia mais tranquilo. Nos últimos cinco anos, notamos um crescimento impressionante de compradores com idades entre 18 e 30 anos. Esses jovens trouxeram novos conceitos de moradia, forçando o mercado a se reinventar para atendê-los.
Comprar imóvel mais cedo alavanca o futuro
Para especialista, começar essa jornada na juventude facilita ampliar o patrimônio
Adquirir um imóvel quando ainda se é jovem traz vários benefícios, na opinião de Paulo Kucher, vice-presidente Comercial da Lyx Participações e Empreendimentos, que é especializada em projetos do segmento econômico. A empresa que atua na Região Sul do país programa sua chegada ao mercado carioca no ano que vem, com empreendimentos em Santa Cruz e Niterói.
— Quanto mais cedo a pessoa inicia esse processo, maior será sua capacidade de alavancar novos projetos no futuro, seja para ampliar o patrimônio ou até mesmo para diversificar seus investimentos — destaca Kucher.
Na visão de Waldecy Prado, gerente Comercial e de Novos Negócios da Novolar, os compradores mais jovens estão buscando mais privacidade, liberdade e — por que não? — possibilidades de investimento.
— O cliente que ganha em torno de R$ 2,6 mil já tem condições de comprar um apartamento pelo Minha Casa, Minha Vida, e os jovens têm muita informação e são mais tecnológicos. Está tudo na palma da mão — ressalta Prado.
Para Maurício Corrêa, diretor Comercial da Jeronimo da Veiga, os jovens de hoje são mais autônomos e decididos, não guardam grandes traumas com juros altos e inflação descontrolada vividos pelas gerações anteriores.
— Isso dá segurança para assumir um financiamento de longo prazo, mas também há desvantagens. Não são raros os casos de clientes que resolvem mudar de cidade ou se separam no meio da negociação da compra do imóvel ou trocam de emprego. Isso gera maior dificuldade na liberação do crédito.
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