A economista chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Maria Vasconcelos destacou a grande potencialidade do setor da construção civil, que atualmente tem quase três milhões de trabalhadores com carteira assinada.
“A última vez que isso aconteceu foi no final de 2014”, observou. De janeiro a setembro deste ano foram mais de 231 mil trabalhadores formais. Mas o pico das atividades foi há 10 anos. “Ainda estamos 15% abaixo do pico alcançados em 2014. Porque de 2014 a 2019, a construção teve uma queda muito grande, o setor caiu 30%. Em 2021 e 2022, crescemos e recuperamos uma parcela”, explicou.
Segundo Ieda, a construção civil encerrará 2024 com um crescimento projetado em cerca de 3,5%. Ano passado o setor registrou recuo de 0,5%, e a expectativa é de continuidade do crescimento em 2025. Entretanto, a economista considera que um dos desafios é a taxa de juros, que com “o patamar elevado inibe os investimentos produtivos”, e a capacitação da mão de obra. Uma realidade que já é vivenciada pelo setor.
Durante o seminário “Mercado Financeiro: descarbonização traz oportunidades junto às Instituições Financeiras e o mercado de capitais”, o sócio diretor Finvest: Diogo Castro discutiu a falsa dicotomia entre lucro e sustentabilidade, enfatizando que essa visão ocorre devido a uma falta de transparência nos custos e benefícios reais.
Castro argumentou que sustentabilidade deve ser mais que uma intenção: precisa gerar retornos e superar barreiras para se integrar plenamente ao mercado. Segundo ele, o mercado financeiro tem um papel central em fornecer os recursos para essa agenda, destacando a necessidade de metodologias padronizadas para uma precificação mais precisa dos riscos e benefícios de iniciativas sustentáveis.
No setor de construção, ele aponta que a transição dos financiamentos tradicionais para o mercado de capitais exige um esforço maior em comunicação e padronização de informações para evitar problemas de greenwashing. Isso é necessário para que o mercado financeiro possa identificar com clareza os projetos sustentáveis e alocar recursos de forma eficiente.
Castro também destacou os desafios enfrentados pelos investidores de patrimônio (wealth management), especialmente as famílias com investimentos significativos em imóveis, que precisam considerar o risco climático no valor de seus ativos. A depreciação de imóveis antigos e não certificados, por exemplo, pode levar a uma perda de valor, visto que empresas evitam alugá-los para atender aos requisitos de sustentabilidade.
A necessidade de uma melhor comunicação dos benefícios sustentáveis em uma construção foi destacado pelo presidente do conselho consultivo da CBIC, José Carlos Martins. Ele mencionou que ações que reduzem o consumo de água e energia em edifícios não só impactam positivamente o meio ambiente, mas também reduzem custos para os moradores a longo prazo.
Martins comparou o setor de construção com o de eletrodomésticos, onde a eficiência energética é valorizada e incentivada. Segundo ele, falta essa mesma mentalidade no mercado imobiliário brasileiro: apesar de ser possível aumentar a eficiência energética de um imóvel por meio de ajustes simples de projeto, os consumidores não priorizam isso ao comprar uma casa.
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