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Mercado imobiliário vai bem, mas classe média perde espaço e juros preocupam

No Brasil, a proporção de lançamentos voltados para a classe média caiu de 65% para 45% do total de unidades lançadas entre o segundo trimestre de 2023 e o mesmo período deste ano

30/09/2024 às 16h00
Por: Redação Fonte: Valor Econômico
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Pesquisa feita pela Brain Inteligência Estratégica para a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) aponta que a participação de imóveis para a classe média caiu no último ano entre os lançamentos. Para representantes do setor imobiliário, isso é reflexo da taxa de juros elevada. Embora o mercado imobiliário em geral esteja com bons resultados, com a volta do aumento da Selic, a situação para a classe média pode piorar.

A queda da participação da média renda aconteceu em São Paulo e também a nível nacional. A Brain monitora 10,5 mil empresas. No Brasil, a proporção de lançamentos voltados para a classe média caiu de 65% para 45% do total de unidades lançadas, entre o segundo trimestre de 2023 e o mesmo período deste ano.

No mesmo intervalo, a participação de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) passou de 29% para 49% do total.

Em valor dos lançamentos, o movimento se repete, embora em menor magnitude. Os lançamentos para a classe média passaram de 60% do valor lançado no segundo trimestre de 2023 para 50% no mesmo período deste ano, enquanto a participação do MCMV, que tem valores mais baixos, subiu de 11% para 24%.

“A classe média tem interesse em comprar imóveis, mas encontra dificuldade em obter crédito devido aos juros elevados”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc. “Isso não compromete só o orçamento das famílias, como também inibe o lançamento de novos projetos pelas incorporadoras”.

O setor de alta renda sofreu menos: ficou estável em número de unidades lançadas e teve a participação reduzida de 30% para 26% em valor de lançamentos.
MCMV avança em São Paulo

Na cidade de São Paulo, a participação do segmento de média renda caiu de 76% para 45% das unidades lançadas em um ano. Em valor lançado, passou de 66% para 50% do total. Enquanto isso, o MCMV avançou de 20% para 52% das unidades lançadas e de 8% para 30% do valor lançado.

Durante fórum da Abrainc realizado na terça-feira (24), em São Paulo, o CEO da Brain, Fábio Araújo, questionou quem dos presentes imaginaria, há cinco anos, que o MCMV poderia responder por metade do valor lançado na cidade. Isso só foi possível com a evolução do programa habitacional, mas também está “cada vez mais difícil fechar a conta nos produtos para a classe média”, segundo ele.

A situação pode se complicar mais. Presentes no evento da Abrainc, executivos do ItaúCotação de Itaú BBA e BradescoCotação de Bradesco afirmaram que a taxa de juros do financiamento imobiliário deve subir, se o cenário de mais aumentos previstos para a Selic se confirmar. “Sabemos que tem uma parcela da população que acaba perdendo o seu poder de compra”, afirmou Bruno Bianchi, sócio e diretor de negócios imobiliários no Itaú BBA.

A Brain entrevistou mil pessoas em 12 cidades do país sobre sua intenção de comprar imóveis nos próximos 12 meses. No geral, 48% desejam comprar. Na faixa de R$ 10 mil a R$ 20 mil de renda, considerada como classe média, a proporção é menor: 40% desejam fazer a compra. A maior vontade está na classe alta, que ganha acima de R$ 20 mil, na qual 54% desejam comprar um imóvel em até um ano.

Entre os entrevistados, 63% também afirmaram que os preços dos imóveis residenciais estão altos. “Os preços não estão explodindo, mas muitos consumidores de classe média foram excluídos do mercado”, afirmou Araújo.

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