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Primeira mulher negra à frente de construtora de casas populares prevê faturar R$ 50 milhões este ano

A internacionalização dos serviços também está nos planos da empreendedora, que mira a cidade de Miami, na Flórida, além de Portugal na Europa e Senegal no continente africano

17/04/2024 às 11h00
Por: Redação
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Helen de Moraes_HB Brasil
Helen de Moraes_HB Brasil

Filha de advogado e de uma cozinheira, Helen Fabíola de Moraes sempre teve muito claro a certeza de sua missão: facilitar o acesso à moradia digna no País, após trabalhar com regularização fundiária. O Brasil tem pelo menos 7 milhões de famílias sobrevivendo em locais inóspitos e em condições precárias, sem falar na falta de saneamento básico e energia.

 

Embora sempre tenha estudado em renomadas escolas – a família sempre priorizou os estudos -, Helen sempre morou de aluguel com os pais, até que dado momento a família enfrentou um momento financeiro difícil e, por pouco, não foram despejados. “Isso, de certa forma, me estimulou a ter algo que pudesse fazer diferença na vida de alguém, sobretudo que beneficiasse pessoas de baixa renda. O objetivo é ser a maior incorporadora e construtora do País na entrega de moradias dignas”, diz Helen, que é especialista na área urbanística e, desde 2010, trabalha com moradia popular.

 

Diante deste cenário, e depois de passar por muito preconceito, ela criou em 2020 a Hb Brasil Incorporadora, empresa de construção focada em moradia para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social. Um dos diferenciais do negócio é a sustentabilidade e inovação empregadas nas casas populares, além da tecnologia. As habitações são automatizadas. Já a Habita Reurb, é uma empresa dedicada na regularização fundiária, que faz toda a parte legal do processo e inclui a entrega de documentação, bem como condições para acesso a direitos básicos como água, luz, saneamento e infraestrutura adequada. Pertence à holding Hb Brasil Incorporadora e Construtora idealizada após quase 10 anos trabalhando com regularização fundiária. A previsão é faturar cerca de R$ 50 milhões este ano com as frentes de negócios, ante os R$ 8,5 milhões e R$ 6,8 milhões, respectivamente.

 

A internacionalização dos serviços também está nos planos da empreendedora, que mira a cidade de Miami, na Flórida, além de Portugal na Europa e em Senegal, país localizado no continente africano. Projeta crescer em volume de clientes e novos negócios 500% este ano. Paralelamente a estes dois negócios, Helen administra uma imobiliária para administração de condomínios - uma house dentro da Hb Brasil Incorporadora e, futuramente, o sonho de operar o HB Bank com o objetivo de financiar imóveis populares. “Estamos em busca de um grande fundo. Já viajei para Dubai, inclusive. A ideia é oportunizar o financiamento próprio direto coma incorporadora e construtora, facilitando aquele comprador que tem o sonho da casa própria”, comenta a empresária.

 

Entre idas e vindas – legitimação dos territórios quilombolas

 

Advogada, especialista em Direito Urbanístico, hoje Diretora Social do Instituto Brasileiro de Regularização Fundiária (IBRF), aos 26 anos terminou a Faculdade de Direito em São Paulo, e montou o primeiro escritório de advocacia. A empresária se orgulha em ser a primeira mulher negra proprietária de uma incorporadora e construtora no País – um setor majoritariamente e culturalmente dominada por homens.

 

Helen morou por um tempo em Alagoinhas, na Bahia, e lá esteve à frente da Diretoria de Reparação Social. Levou moradia para mais de três mil famílias carentes. Em seu retorno à São Paulo, já tinha a Habita Reurb, e depois criou a Incorporadora HB Brasil em 2020. Em 2016, iniciou um trabalho de defesa da comunidade do Canaã, que estava em processo de reintegração de posse. “Identifiquei a oportunidade de agir como mediadora entre a comunidade que desejava uma moradia digna e os proprietários das terras, que também mereciam receber por seus imóveis ocupado”, porém a grande dor era que faltava infraestrutura essencial nesses espaços, essa foi uma das maiores dores que tinha”, comenta.

 

Essa jornada, de certa forma, a ajudou a entender melhor o espaço no mercado que queria ocupar, como poderia usar do seu conhecimento e ofício em regularização fundiária, começou a trabalhar na área, com forte atuação na legitimação dos territórios quilombolas. Já esteve à frente de mais de 10 mil moradias regularizadas e outras estão em andamento em Monte Mor, com oito núcleos aprovados na região metropolitana de Campinas. O Projeto Reurb Edilícia em andamento, em São Paulo, e na Bahia, e nas cidades de Alagoinhas e Itanagra e Camaçari na Bahia, dentre outros municípios. Em breve, construirão em Alagoinhas, na Bahia, Conde na Paraíba, Salvador e Itanagra também no Estado baiano.

 

Helen acredita que sua missão de vida é transformar vidas por meio da moradia seja ela construtiva ou regularizada. “Moradia digna é entregar um verdadeiro lar, com mobília fixa, além de eletrodomésticos. O morador necessitará de muito pouco para morar, pois entregamos dignidade. Já a habitação popular é entregar construção em cimento, sem nenhuma humanização, sem nenhum acolhimento, a pessoa não tem condições de comprar a mobília e assumir uma prestação, então se muda com seus móveis usados, precários. O conceito que seguimos é totalmente diferente e inverso”, diz a empresária aos seus 51 anos.

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