As comissões de corretores estão no centro de um caso judicial que deve impactar fortemente o mercado imobiliário americano. Na última semana, a Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês), concordou em pagar U$ 418 milhões em indenizações a compradores de imóveis, que acusam corretores de inflacionar as comissões de vendas. Além da indenização milionária, a NAR também sinalizou para mudanças relevantes em suas políticas, como o fim da comissão padrão de 6% praticada sobre a venda de imóveis.
Este episódio aprofunda a grave crise pela qual a NAR está passando. Deu no New York Times. Em agosto do ano passado, o então presidente da associação, Kenny Parcell, renunciou ao cargo após denúncias de assédio sexual. Sua substituta permaneceu apenas quatro meses no cargo, tempo suficiente para amargar a primeira derrota judicial neste caso antitruste, que ganhou novo capítulo nesta última semana.
Além da comissão padrão aplicada nas transações, a ação questiona a obrigatoriedade de que os imóveis sejam listados nos MLS (Multiple Listing Service). Os MLS são sistemas de listagem que permitem aos corretores de imóveis compartilhar informações sobre propriedades à venda, indicando a comissão oferecida (parte dos 6%) ao corretor que trouxer o cliente comprador. O entendimento é de que esse sistema gerou um estímulo para que corretores direcionem seus clientes às propriedades que pagam comissões mais altas.
Se aprovadas pela Justiça americana, as mudanças devem inaugurar uma nova era do mercado imobiliário. Com a possibilidade de praticar comissões menores que 6% - e sem a divulgação do percentual oferecido ao corretor do comprador - especialistas avaliam que haverá uma redução generalizada no preço dos imóveis, que traz embutido o valor da comissão. O que, por sua vez, deve gerar a debandada de uma parcela expressiva de corretores do mercado, espacialmente novos profissionais que foram atraídos justamente pela perspectiva de altas comissões. A reportagem do New York Times menciona que até um milhão de corretores norte-americanos podem deixar a profissão.
US$ 100 bilhões por ano. É a estimativa do volume total de comissões pagas a corretores nos Estados Unidos. A expectativa é de que esse número caia para, pelo menos, U$ 50 bilhões. Com isso, deve-se observar uma grande transformação nos formatos de parceria entre os vendedores.
Aqui no Brasil, também há mudanças no horizonte do corretor.
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