O mercado imobiliário brasileiro deve evoluir para depender cada vez menos dos recursos do FGTS e da poupança, acredita Antonio Carlos Oliveira, diretor executivo da ACT Assessoria. Para ele, as duas fontes são importantes para o segmento e deverão continuar a ter participação nas operações, entretanto o surgimento de fontes alternativas devem permitir um amadurecimento cada vez maior do mercado imobiliário.
“Quando eu comecei a trabalhar, havia mais ou menos 84 opções de financiamento em todo o país, com bancos estaduais, associações de crédito etc. Este número se reduziu para meia dúzia de opções, mas estamos voltando a ter mais pluralidade”, avaliou Oliveira, durante a conversa com o jornalista Donaldson Gomes, no programa Política & Economia, transmitido no Instagram do CORREIO (@correio24horas).
Segundo ele, além dos bancos, as fintechs, empresas financeiras de base tecnológica, estão ganhando espaço no mercado. “Isso gera concorrência, permite que tenhamos mais opções, seja em termos de condições de crédito, ou mesmo em termos de modalidades que não existiam há até pouco tempo”, explica. “Quanto mais diversidade na origem dos recursos, melhor para quem toma os empréstimos”, acredita.
“Eu vejo cada vez mais um mercado altamente equilibrado, autossustentável, que já faz um movimento de R$ 12 bilhões por mês, mas que chega às vezes a R$ 14 e até R$ 16 bilhões”, conta. Oliveira diz que as incorporadoras são o destino de aproximadamente 30% destes recursos, enquanto os consumidores finais ficam com a maior participação. “É uma economia ultra pujante que gera bastante riqueza e oportunidade para pessoas físicas e jurídicas”, diz.
Para o especialista em crédito imobiliário o movimento de redução na taxa básica de juros do país, a Selic, tem um papel importante ao permitir que um número maior de consumidores consiga ter acesso ao mercado. “Quanto menor a taxa de juros, menor o valor da prestação e, consequentemente, torna-se maior a probabilidade de que a parcela caiba no orçamento do comprador”, explica.
“A tendência de queda da Selic é muito boa. Se a gente já estava com uma tendência de um mercado aquecido e forte, com a taxa caindo, isso vai aumentar ainda mais”, ressalta. Segundo ele, a cada 1 ponto percentual que sobe, cerca de 1 milhão de pessoas deixa de ter condições de fazer financiamentos de imóveis. “Juros maiores representam uma prestação maior e comprometem mais a renda do comprador. O mercado precifica em 30% da renda a capacidade das pessoas de assumirem prestações”, diz.
Oliveira explica que o movimento de redução das taxas acaba sendo um pouco mais lento em função da inadimplência. “Quando ficar num patamar mais aceitável, os juros devem cair”, projeta.
Segundo ele, havia um gargalo muito sério no passado que foi resolvido com a alienação fiduciária. “A gente tinha um mercado em decadência, por mais de um motivo, mas principalmente em função da garantia. Hoje há uma segurança muito maior por conta da alienação fiduciária”, explica.
Do início, como estagiário na antiga Baneb Crédito Imobiliário, para cá, Antonio Carlos Oliveira, diretor executivo da ACT Assessoria, acompanhou diversos ciclos de mudanças neste mercado. “Sempre atuei nesta área, brinco dizendo que a gente sabe fazer duas coisas, crédito imobiliário e café na máquina de expresso”, ri. Desde 1997, está à frente da ACT, que atualmente possui significativa participação no mercado, atendendo tanto empresas do setor quanto ao consumidor que busca crédito para a aquisição de imóveis. “Hoje nós temos o maior marketshare da Bahia e os bancos nos apontam como maiores geradores de crédito imobiliário do Norte e Nordeste”, destacou.
Existem diversas fontes de recursos para o financiamento do mercado de imóveis. Os mais comuns são o FGTS e a poupança, mas existem recursos para o setor oriundos inclusive do mercado de capitais, explica Oliveira. Segundo ele, a ACT foi uma das empresas pioneiras na busca destes recursos que atualmente representam um terço das fontes de financiamento. Outra fonte importante é o chamado home equity, onde o bem imobiliário é dado como garantia para operações de crédito. “Atualmente são colocados na economia R$ 600 milhões por mês a partir destas operações”, destaca.
“Sem o crédito, sem o financiamento, seja para o incorporador ou para o cliente final, o mercado imobiliário não funciona. Crédito é de suma importância”, destacou. “Um dos nossos papéis, além auxiliar na parte técnica, é trazer conteúdo, ajudar as pessoas a entenderem um pouco mais sobre crédito imobiliário, entender como o mercado funciona”, completou.
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