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Apesar da ata do Copom, mercado vê chance de corte maior na Selic

Especialistas destacam sobre a possibilidade de redução

15/08/2023 às 09h00
Por: Redação Fonte: Valor Econômico
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Uol economia
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Ainda que o Banco Central tenha buscado transmitir a mensagem de que uma aceleração no ritmo dos cortes de juros é “pouco provável” no curto prazo, a avaliação de boa parte dos economistas e participantes do mercado é a de que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode encontrar, já nos próximos meses, as condições para ampliar a intensidade do processo de flexibilização monetária. Assim, a comunicação ajudou a abrir a porta para estimativas de Selic inferiores a 11,75% neste ano.

 

Na visão da economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, o Copom buscou se esforçar para tentar segurar as expectativas em relação a uma aceleração no ritmo de ajuste da Selic e se mostrou bastante dependente dos dados. “Não nos parece ser uma autoridade com grandes amarras para tomar uma decisão que não tenha sido comunicada antes”, avalia a economista.

 

Ela destaca, ainda, o uso da conjunção “ou” no parágrafo 18 da ata, onde o Copom enumera os fatores que levariam a uma possível aceleração no ritmo de corte de juros. “Apesar do uso de adjetivos fortes, o uso da conjunção ‘ou’, e não da conjunção ‘e’, revela que se alguma das condições for verificada, haveria a abertura de algum espaço para cortes mais intensos nos juros”, afirma Victal. O cenário base da SulAmérica abarca uma redução de 0,5 ponto percentual na Selic em setembro, seguida de dois cortes de 0,75 ponto, com a taxa em 11,25%, no fim deste ano.

 

Embora tenham mantido a expectativa de cortes de 0,5 ponto na Selic até o fim do ano, os economistas do Itaú Unibanco enfatizam, em relatório, que “não se pode descartar uma flexibilização mais rápida, principalmente no final do ano”. Além disso, apontam que o Copom “também indica que espera manter a taxa Selic em território contracionista ao longo do ciclo, sustentando a visão de que o nível terminal de juros pode ser abaixo de 10%, mas não muito”.

 

Nesse sentido, o economista-chefe da Citrino Gestão de Recursos, Raí Chicoli, diz que a casa projeta uma Selic de 9% no fim do ciclo. “Aos olhos de hoje, o BC diz ver uma política ainda contracionista, ou seja, não dá para cortar muito os juros. Talvez ele não consiga colocar a Selic em um patamar neutro ou estimulativo”, aponta.

 

Um ponto destacado por Chicoli é o fato de o Copom ter tentado controlar a curva ao guiar o mercado para suas expectativas de manutenção do ritmo. “O BC teve cuidado ao colocar uma barra alta para uma aceleração nos cortes. Mas, apesar disso, acredito que exista uma chance significativa de o BC acelerar o ritmo ainda neste ano.”

 

No momento, a Citrino mantém a expectativa de cortes de 0,5 ponto na Selic até o fim do ano, “mas, no nosso cenário, temos um PIB levemente negativo no segundo semestre e, em tese, isso satisfaria uma das condições para acelerar o ritmo”, aponta Chicoli.

 

A economista-chefe para Brasil da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, por outro lado, aponta que o BC foi bem sucedido em transmitir a mensagem de que o ritmo deve se manter em 0,5 ponto nos cortes nos próximos meses. Mesmo assim, para ela, o processo de flexibilização pode ser acelerado já no início do ano que vem.

 

“Acho que a aceleração deve ocorrer, mas pode demorar um pouco mais. Estou esperando 11,75% para a Selic neste ano, mas acredito que a taxa deve alcançar 8% no segundo semestre de 2024”, afirma a economista, que condiciona suas projeções à melhora do ambiente para as contas públicas.

 

Pinheiro avalia que há riscos de que as projeções de inflação de longo prazo permaneçam no patamar atual por mais tempo, já que os níveis de incerteza para a trajetória das contas públicas ainda são elevados e, por isso, a aceleração do ritmo de cortes pode demorar um pouco mais a chegar.

 

“A maior probabilidade é que a gente veja uma certa resistência das expectativas de longo prazo e isso tem a ver com a incerteza fiscal. A aceleração dos cortes de juros só seria recomendada se houvesse um cenário certo de inflação bem comportada. Mas, como não temos nem mesmo a discussão do Orçamento de 2024 acontecendo, não parece existir um cenário de confiança para a trajetória da inflação de 2024”, aponta Pinheiro.

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